o que é tigrinho Mamíferos gigantes sobreviveram no Brasil até cerca de 3.500 anos atrás, sugere novo estudo

data de lançamento:2025-02-16 11:07    tempo visitado:120


Áreas abertas dos atuais biomas caatinga e cerrado podem ter servido de habitat para diversas espécies de animais —hoje extintas— até aproximadamente 3.500 anos atrás. Anteso que é tigrinho, pensava-se que essa fauna desaparecera há cerca de 11 mil anos.

Até pouco tempo, havia uma ideia bem difundida no meio científico de que as espécies de mamíferos gigantes que viveram durante o Pleistoceno (de 2,6 milhões a 11,7 mil anos atrás), conhecida como megafauna, foram extintas por uma combinação de mudança climática e caça humana no final da última Era Glacial.

A imagem retrata um cenário pré-histórico com um mamífero da megafauna já extinto e várias aves em um ambiente natural. O céu está nublado e chuvoso, e há uma grande rocha ou tronco no centro da cena, cercado por vegetação. Animais como aves de rapina e outras espécies estão presentes ao redor. Ilustração representando o paleoambiente de Jirau, sítio Paleontológico de Itapipoca (CE), há cerca de 3.500 anos - Guilherme Gher

Mas um novo estudo liderado por pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), do Museu de Pré-História de Itapipoca (Ceará) e da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul) põe em xeque essa hipótese. O trabalho sugere que houve a sobrevivência dessa fauna por um período pelo menos 8.000 anos além do esperado. O novo achado foi publicado no periódico científico Journal of South American Earth Sciences.

Animais pré-históricos como o tigre-dentes-de-sabre sul-americano (Smilodon populator), a preguiça gigante Eremotherium, o xenorrinotério (Xenorhinotherium bahiense) e a lhama antiga (Paleolama major) foram extintos em grande parte da América do Sul na passagem do Pleistoceno para o Holoceno (cerca de 11 mil anos atrás até hoje).

Novas datações utilizando carbono 14 de dentes escavados no sítio arqueológico de Jirau, em Itapipoca (a cerca de 325 quilômetros de Fortaleza), no Ceará, e na bacia do rio Miranda, em Miranda, no Mato Grosso do Sul), revelam que esses animais viveram do Pleistoceno Médio até o limite do Holoceno Médio/Superior (de 77,4 mil a 3.500 anos atrás), e não até o limite Pleistoceno/Holoceno, como era estimado anteriormente.

jogo do tigre

Foram feitas análises de microestruturas do dente de oito espécimes —sete de Jirau e um da bacia do rio Miranda— para calcular a idade dos fósseis. Os materiais fazem parte da coleção do Museu de Pré-História de Itapipoca e da coleção de zoologia do departamento de biologia da UFMS.

A idade mais jovem para os fósseis foi indicada como aproximadamente 3.500 anos, muito depois do limite considerado para a extinção desses animais no Brasil.

Segundo os autores, as primeiras mudanças ambientais e climáticas, com o aumento da temperatura após o limite Pleistoceno/Holoceno, teriam feito com que algumas populações, mais generalistas, sobrevivessem em áreas de vegetação ou borda de vegetação onde hoje é a caatinga e o cerrado. Conforme o clima mais quente e árido, tais mudanças reduziram parte dessas espécies a grupos isolados que se mantiveram, inclusive, até 3.500 anos atrás.

"Você tem a sobrevivência dessas espécies além do limite Pleistoceno/Holoceno, e esse processo de extinção é concomitante com as mudanças ambientais e climáticas ocorridas desde o final do último máximo glacial", afirma Fábio Cortes Faria, pesquisador de pós-doutorado no departamento de geologia da UFRJ e primeiro autor do estudo.

A imagem mostra uma lhama extinta em um ambiente natural, cercado por árvores e vegetação. O cervo está em pé, com a cabeça levantada, e há um fundo de grama alta e arbustos. Ao fundo, é possível ver outros animais em uma área semelhante. Ilustração representando a espécie extinta Paleolama major, da megafauna da bacia do rio Miranda, onde hoje é o Mato Grosso do Sul - Guilherme Gher

"O que a gente identifica através de estudos de paleoecológicos é que esses animais sobreviveram tanto na região de Itapipoca, como também na região da bacia do rio Miranda, com uma dieta mais generalista, mas alguns deles, como o xenorrinotério e a paleolhama já se alimentavam de uma vegetação arbórea, mais fechada", explica o pesquisador. "A expansão de ambientes florestados favoreceu a permanência desses animais até um período onde as áreas mais áridas ainda não eram tão abrangentes como é hoje."

Para Hermínio Ismael de Araújo-Júnior, professor do departamento de paleontologia e estratigrafia da Uerj e orientador de Faria no projeto, a pesquisa lança luz para questões de sobrevivência da megafauna por mais tempo. "Isso vai trazer também um novo olhar para a área da arqueologia, de evidências de interação humana e também para a avaliação de pinturas rupestres com esses animais representados, como nos sítios arqueológicos da Serra da Capivara."

De acordo com ele, as outras hipóteses existentes até então para a extinção da megafauna na América do Sul têm uma visão mais centrada em fósseis encontrados no Hemisfério Norte, como mastodontes, mas são poucos os fósseis com datação no Brasil. "A preguiça gigante, o mastodonte, o tigre-dente-de-sabre, a paleolhama são os representantes emblemáticos dessa fauna, mas também porque são muito abundantes em sítios paleontológicos. A gente tinha poucos locais com datação no Brasil."

Os autores concluem que a teoria da extinção por mudanças climáticas e ambientais torna-se, assim, a principal hipótese para a extinção desses mamíferos na América do Sul.

"Muita gente criticou as hipóteses de interações de humanos e megafauna a partir de 12 mil anos, mas estamos vendo, com esse estudo, que essa megafauna chegou muito próxima dos povos primitivos. Olhar para um modo como o ser humano documentou essa megafauna também pode ajudar a compreender as interações ecológicas entre eles", diz Faria.

dê um conteúdo

benefício do assinante

Você tem 7 acessos por dia para dar de presente. Qualquer pessoa que não é assinante poderá ler.

benefício do assinante

Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha.

Jogos de Maquiar Já é assinante? Faça seu login ASSINE A FOLHA Copiar link Salvar para ler depois Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Esportes em Tempo Real — A ZA9BET™ Está Comprometida com o Jogo Responsável 18+. Aposte com Responsabilidade! paleontologia sua assinatura pode valer ainda mais sua assinatura vale muito ASSINE POR R$ 1,90 NO 1º MÊS Envie sua notícia Erramos? Endereço da página https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2025/01/mamiferos-gigantes-sobreviveram-no-brasil-ate-cerca-de-3500-anos-atras-sugere-novo-estudo.shtml Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Termos e condições Todos os comentários Comente Comentar é exclusividade para assinantes. Assine a Folha por R$ 1,90 no 1º mês notícias da folha no seu email notícias da folha no seu email Relacionadas Fósseis de anêmonas com mais de 400 milhões de anos são achados no Ceará Astrônomos detectam ventos ferozes de correntes de jato em exoplaneta Cardea, quase-lua terrestre, junta-se às fileiras celestiais Veja também Surfista Ítalo Ferreira durante eclipse solar em praia entre as cidades de Natal e Baía Formosa, no Rio Grande do Norte - (Foto: Marcelo Maragni / Red Bull Content Pool) astros Compartilhar astros: Leia as últimas notícias sobre astronomia, eclipses solares e lunares Ícone fechar Leia as últimas notícias sobre astronomia, eclipses solares e lunares ruf Compartilhar ruf: Saiba quais são as melhores universidades do Brasil no Ranking Universitário Folha 2023 Ícone fechar Saiba quais são as melhores universidades do Brasil no Ranking Universitário Folha 2023 Mais lidas em Ciência Ver todas Ciência Mamíferos gigantes sobreviveram no Brasil até cerca de 3.500 anos atrás, sugere novo estudo paternidade Cientistas criam primeiros camundongos filhos de dois pais a chegar à vida adulta ciência Fósseis de anêmonas com mais de 400 milhões de anos são achados no Ceará Ciência Cientistas tiram melhor foto de átomos até o momento com ajuda de algoritmos The New York Times CIA agora apoia hipótese de que vazamento de laboratório está na origem da Covid-19 últimas notícias Brasil não tem política de acolhimento para pessoas deportadas Governo Lula Compartilhar Salvar para ler depois Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Brasil não tem política de acolhimento para pessoas deportadas

País recebeu mais de 7.100 expulsos dos EUA em quatro anos; governo agora corre para pensar em novos programas na área

28.jan.2025 às 23h00 Como a megafauna foi extinta no Brasil? Como É Que É? Compartilhar Salvar para ler depois Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Como a megafauna foi extinta no Brasil?

Priscila Camazano recebe a repórter Ana Bottallo

28.jan.2025 às 7h00 jogo do tigre link alt="Cirurgia de redesignação sexual em trans e indígenas intersexo é realizada pela 1ª vez no Amazonas"> Projeto Saúde Pública Compartilhar Salvar para ler depois Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Cirurgia de redesignação sexual em trans e indígenas intersexo é realizada pela 1ª vez no Amazonas

Evento inédito levou cirurgias para atendimento à população em estado com alto índice de transfobia

28.jan.2025 às 23h00

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.

Modal 500

OK Folha de S.Paulo Assine Topo folha de s.paulo Sobre a Folha Política de Privacidade Expediente Acervo Folha Princípios Editoriais Manual de conduta Seminários Folha Clube Folha Clube Folha Gourmet Séries Folha Coleções Folha Trabalhe na Folha Treinamento Circulação Verificada Fale com a Folha Anuncie (Publicidade Folha) Atendimento ao Assinante Erramos Fale com a Folha Ombudsman Painel do Leitor editorias Política Economia Cotidiano Educação Mundo Esporte Ilustrada Ilustríssima Comida F5 Podcasts Folhinha Folhateen Saúde Equilíbrio Ciência Ambiente Turismo Guia Folha Fotografia TV Folha Empreendedorismo opinião Opinião Colunas e Blogs Quadrinhos Charges Cartunistas mais seções Brasília Hoje Todas Dias Melhores Folha Social+ Seminários Folha Folha en Español Folha In English Folhainvest Folhaleaks Folha Mapas Folha Tópicos Folha Transparência Últimas notícias Versão Impressa Mapa do site serviços Aeroportos Folha Informações Guia de Benefícios Horóscopo Loterias Mortes Tempo outros canais Datafolha Estúdio Folha Publicidade Legal Folhapress Folha Eventos Top of Mind CANAIS DA FOLHA Fale com a Redação Mapa do site Atendimento ao Assinante Ombudsman Política de Privacidade newsletter

O jornalnbsp;Folha de S.Paulonbsp;(1921 - 2025)nbsp;eacute; publicado pela Empresa Folha da Manhatilde; S.A. CNPJ: 60.579.703/0001-48

fortune tiger A Folha integra o

O jornalnbsp;Folha de S.Paulonbsp;(1921 - 2025)nbsp;eacute; publicado pela Empresa Folha da Manhatilde; S.A. CNPJ: 60.579.703/0001-48

NEWSLETTER Ícone alerta Por favoro que é tigrinho, selecione uma das opções abaixo. Quais newsletters você gostaria de assinar? Maratonar Brasília Hoje IE | Como criar hábitos Mova-se Planeta em Transe Tudo + um pouco Todas FolhaJus IE | Relacionamentos Desvendando IA Energia Limpa Cuide-se Painel Tudo a Ler Mônica Bergamo Folha Carreiras Notícias do dia Painel S.A. China, terra do meio Combo Folha Mercado Colunas e Blogs Dicas do Editor Para Curtir SP Lá Fora FolhaMed News from Brazil Noticias de Brasil exclusivo para assinantes Você também gostaria de: Receber informações sobre produtos e serviços da Folha de S. Paulo Receber ofertas de parceiros da Folha de S. Paulo Cancelar Confirmar

Cadastro realizado com sucesso!

Ok

Por favor, tente mais tarde!

Ok


Powered by jogo do tigre link @2013-2022 mapa RSS mapa HTML

Copyright Powered by365建站 © 2013-2024